
O filme era preto e branco, mas não era antigo, pelo contrário, mais atual era impossível. Ele parecia nos prender na monotonia e futilidade da vida da mocinha sem graça, que por sinal, não exercia bem o grandioso papel que lhe fora dado. Ela não conseguia se destacar dos demais personagens. Acho que eu até poderia classificar como ficção-científica, afinal, todos pareciam clones (im)perfeitos da última estrela pop lançada semana passada, todos davam os mesmos abraços murchos, os mesmos sorrisos falsos e falavam as mesmas frases clichês. E o mocinho? O galã agora era trocado a cada semana, quase sempre por nunca satisfazer todas as expectativas da principal. E o romance, tempero dos filmes, fora riscado do roteiro do filme.
Eu não conseguia suportar aquela película fria e cansativa que cismava em se repetir em todos os canais. Não agüentava mais aquele espelho de uma sociedade morta, previsível e sem ideais.Eu queria mais... Eu queria as cores de Almodóvar, romances ardentes, passarinhos na janela, diálogos inteligentes, passeios pelo desconhecido com a (in)certeza de um final feliz.
Foi aí que comecei a escrever meu filme...
Demorei, mas postei.
Beijos.